sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Adeus.

A verdade é que eu cansei.

Cansei, cansei.
Danem-se os bons modos.
Pode ir embora ou pode continuar com essa verborreia
asmática ensurdecedora. Pouco me importo.
Foste cedo mas voltaste demasiado tarde.
Gozei do seu esperma de desilusões o suficiente e
hoje meu único prazer é em ver você ir embora,
arrependido.
Já dei adeus àquela vida insalubre na qual você me meteu
e, sinceramente, estou muito bem.
Veja, até o nosso gato, que ficou dias miando desconsolado
quando você foi embora,
hoje foi ríspido e impiedoso com você.
E por que haveria eu de
confrontar essa antipatia dele?
Jamais. Ele é como um filho e você o
abandonou, nos abandonou.
Me admiro pelo entorpecimento com que me olhas.
Não ouse chamar isso de amor, pois quando sentires
isso por ti mesmo, não precisarás fantasiar cenicamente.
Fizeste, por certo, um aborto do teu próprio caráter
e vem até aqui para que eu pulverize o meu.
Lamento, são onze horas da noite e, inevitavelmente, tenho que
despejá-lo da minha sala.
Adeus.

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